Leitura Recomendada

O Dia dos Prodígios é um romance da autoria de Lídia Jorge publicado em 1979.
A sua primeira obra publicada deve um impulso à revolução de Abril de 74, impulso que, aliás, revelou vários escritores e muitas escritoras: O Dia dos Prodígios constrói-se como uma alegoria do país fechado e parado que Portugal era sob a ditadura, permanentemente à espera de uma força que o transformasse.
O impacto causado por este romance foi, também ele, prodigioso, e Lídia Jorge de imediato saudada como uma das mais importantes revelações das letras portuguesas e uma renovadora do seu imaginário romanesco. A linguagem narrativa dos seus dois primeiros romances tem bastante a ver com o realismo mágico, misturando vários planos narrativos numa estrutura polifónica de onde se destacam personagens que adquirem uma dimensão metafórica, ou mesmo mítica.
A autora tem entretanto vindo progressivamente a adoptar um tom mais realista, nomeadamente no seu penúltimo romance, O Jardim Sem Limites, onde à pequena aldeia de Vilamaninhos, que simbolizava no seu primeiro romance o Portugal pequenino e arcaico, se substitui Lisboa, a metrópole europeia onde se cruzam todas as influências e se rarefazem identidades e territórios.
Quanto ao seu livro mais recente (O Vale da Paixão), que obteve diversos prémios (por exemplo o Prémio Jean Monnet de Literatura Europeia) e um grande êxito junto da crítica, acompanha a relação emocional entre um pai e uma filha, sendo escrito a partir dessa ferida tão misteriosa e tão incurável como o código genético de que é feita a matéria de cada corpo ou de cada alma e enfrentando o enigma irredutível das forças magnéticas que perturbam e atraem os seres humanos.
O Dia dos Prodígios pode ser traduzido como metáfora ou alegoria dos acontecimentos anteriores e posteriores à Revolução de Abril. Como o povo mítico de Vilamaninhos, parcela significativa do povo português, não chegou a reconhecer o momento histórico que vivia, não entendeu a mensagem trazida pelo soldados da Revolução, do mesmo modo como aqueles não entenderam o milagre que eles próprios representavam, a exemplo da cobra voadora.
Ao actuar na cultura racional, Lídia Jorge toma para si a incumbência de recriar, ficcionalmente, determinados mitos e destruí-los para recuperar para os portugueses certas experiências evidenciadoras do próprio conceito de nacionalidade
A autora propõe, através de uma simbologia mítica, a leitura critica de uma parte da História portuguesa, em que rompe definitivamente com o grande mito de uma solução salvadora exterior, milagrosa.

In:  "http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Dia_dos_Prodigios"

Sem comentários: