Lenda do Arraúl



A LENDA DO ARRAÚL CONTADA POR HELENA TAPADINHAS NA BIBLIOTECA
Arraúl, rapaz dotado de uma invulgar valentia, era o 20º filho dum casal. Seu pai, guarda-mor das colunas de Hércules, habituara-o a conviver com o mar.
Único sobrevivente de Atlântida, já que toda a população, assim como o próprio continente, desapareceram submersos, talvez por punição dos deuses, com o fim de castigar o poderio dos seus soberanos.
Arraúl, com aquela ondulação tumultuosa fora empurrado para o alto mar e engolido por uma enorme baleia. Com o levante, o cetáceo almareou e devolveu-o ao mar ainda com vida. A força da corrente veio depositá-lo em terra firme, no sítio das Prainhas, local onde Olhão se iniciou.
Vencidos os perigos, depressa se recompôs, dada a sua robustez. Sentiu-se encantado com o lugar e, receoso de outro cataclismo, decidiu proteger a costa nesta zona; se bem o pensou melhor o fez.
Construiu um enorme carro quadrado, com duas rodas quadradas -gostava de tudo o que era quadrado – e ei-lo a escavar e carregar terra do Cerro de S. Miguel, da Cabeça e de Guelhim, para defesa do lugar. Assim nasceu a língua de areia, que protege a costa, formando as ilhas da Fuseta, da Armona e da Culatra.
Por aqui viveu, durante muitos anos, fazendo vida de mar. Diz-nos a lenda que gostava muito de sardinhas e tinha o condão de as assar num fogareiro debaixo de água. Tal força possuía, que levantava com uma só mão e a maior das facilidades, enormes barcos e respectiva tripulação.
Para se proteger em terra, construiu as grutas do Cerro da Cabeça, formadas por diversos labirintos e caminho até ao mar. Pensa-se que por lá se terá perdido e ficado para sempre.

http://nascimento.home.sapo.pt/Lendas.htm#O_ARRAÚL

Sem comentários: